HYPÁTIA DE ALEXANDRIA: MULHER E CIÊNCIA EM UM AUDIOVISUAL NA DOCÊNCIA
DOI:
https://doi.org/10.56238/ramv19n14-004Palavras-chave:
Gênero, Ciência, Hypátia, Docência, AudiovisualResumo
O artigo analisa o uso do filme Ágora (Alexandria) na formação inicial de docentes em Pedagogia, buscando discutir relações entre gênero, ciência e poder a partir da trajetória de Hypátia de Alexandria. A proposta parte da compreensão de que a história da ciência foi marcada por desigualdades e apagamentos que ainda influenciam a forma como o conhecimento é produzido e valorizado. A pesquisa, realizada com 123 estudantes, examinou resenhas produzidas após a exibição do filme, organizando as respostas por meio de análise de conteúdo e análise do discurso. Os resultados mostram que Hypátia foi reconhecida como figura intelectual de destaque, mas sua morte foi frequentemente romantizada, revelando a persistência da naturalização da violência contra mulheres. As tensões políticas e as práticas científicas representadas no filme também mobilizaram reflexões, embora raramente associadas às questões de gênero. Conclui-se que o audiovisual é recurso potente, desde que articulado a uma mediação pedagógica crítica.
Referências
ALIC, Margaret. Hypatia's heritage: a history of women in science from antiquity to the late nineteenth century. London: The Women's Press, 1986
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004.
BOURDIEU, Pierre. La domination masculine: édition augmentée d'une préface. Paris: Edições du Seuil, 1998.
COMBES, Françoise (org.). Genre et sciences. Paris: College de France, 2025.
DE LAURETIS, Teresa. Através do espelho: mulher, cinema e linguagem. Estudos Feministas, v. 1, n. 1, p. 98-122, 1993. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?pid=S0104-026x1993000100006&script=sci_abstract Acesso em 25 nov 2025.
DZIELSKA, Maria. Hypatia of Alexandria. Cambridge; London: Harvard University Press, 1995.
FARIAS JÚNIOR, José Petrúcio. Hipátia e os conflitos religiosos de Alexandria como objeto da produção cinematográfica: estudos a partir de Ágora. Revista Jesus Histórico, v. 27, 2021.
FERNANDES, Hylio; COSTA, Angélica. Mulheres cientistas nos livros didáticos de ciências do Brasil no século XXI. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v. 24, jan./dez., 2024. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/48227. Acesso em 25 nov. 2025.
FISCHER, Rosa Maria Bueno. O estatuto pedagógico da mídia: questões de análise. Educação e Realidade. v. 2, n.2, p. 59-79, jul./dez. 1997.
FISCHER, Rosa Maria Bueno. Foucault e a análise do discurso em Educação. Cad. Pesqui., 2001. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?pid=S0100-15742001000300009&script=sci_abstract
Acesso em 25 nov 2025.
HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública. Tradução: Flávio R. Kothe. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
HARDING, Sandra. The Science Question in Feminism. Ithaca: Cornell University Press, 1986.
LOPES, José de Sousa. O cinema na docência universitária. In: BARBOSA, Maria; TEIXEIRA, Inês; COSTA, Maria (orgs.). Territórios da docência no ensino superior. Curitiba: CRV, 2017. p. 201-214,
MAIA, Marcos; CARVALHO, Maria. Clube do livro na prisão, corpos abjetos, identidades em suspenso na extensão. Contribuciones a Las Ciencias Sociales, v. 16, n. 9, 2023.
MARTINELLI, Águeda. Hypatia de Alexandria: por uma história nao idealizada. In: PACHECO, Juliana (Org.). Filósofas: a presença das mulheres na filosofia. Porto Alegre: Editora Fi, 2016. p.64-83.
POMEROY, Arthur. A companion to ancient Greece and Rome on screen. Hoboken: John Wiley and Sons, 2017.
SCHIEBINGER, Londa. Has Feminism Changed Science? Cambridge: Harvard University Press, 1999.
TANNENBAUM, Cara; ELLIS, Robert; EYSSEL, Friederike; ZOU, James; SCHIEBINGER, Londa. Sex and gender analysis improves science and engineering. Nature, n. 575, 2019. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41586-019-1657-6. Acesso em 25 nov. 2025.